terça-feira, 3 de maio de 2011

EPS - Leve, econômico e versátil - Téchne

Eficaz como isolante térmico, o EPS amplia sua atuação na construção civil e destaca-se como um recurso prático e barato



Fotos: divulgação Termotécnica
Aplicação do EPS nas fundações do Complexo Viário de Várzea Paulista (São Paulo), alternativa para evitar o alto custo de compactação do solo

Desde os anos 1990, o EPS (poliestireno expandido) vem ganhando espaço na construção civil. Por conta de sua leveza, resistência, facilidade de manuseio e baixo custo, além de suas conhecidas qualidades térmicas, o material aos poucos se consolida como uma solução prática e eficaz.
Usado em lajes mistas como substituto dos blocos cerâmicos, por exemplo, sua colocação é feita da mesma maneira, mas com menos esforço e o transporte interno bem mais rápido.
Atualmente, suas vantagens podem ser conferidas não apenas em lajes e miolos de parede - seus usos já consagrados - mas também em detalhes decorativos de fachadas, na fabricação de concreto leve e, especialmente, na fundação de estradas.
Os bons resultados do processo de aterro com EPS em áreas com solos de baixa capacidade de carga têm representado uma solução para evitar o alto custo na substituição e compactação de solo ou nas fundações profundas. O método é bastante difundido na Europa, onde foi criado, e ganha mais espaço no Brasil. Aqui o sistema pode ser conferido em obras como o Complexo Viário de Várzea Paulista, em São Paulo.

Rodovias 
Em estradas, é colocada uma camada de areia nivelada sobre o solo limpo, a qual receberá os blocos de EPS, inteiros e com juntas desencontradas. Sobre a primeira camada, coloca- se outra e assim sucessivamente.

Fotos: divulgação Termotécnica
Usado no miolo de paredes, o EPS garante conforto térmico à construção
Sobre esse tronco de pirâmide formado, é distribuída a carga da estrada em uma área compatível com a resistência mecânica do solo. Para proteger os blocos de derramamentos de solventes que possam atacá-los, é posto um filme de polietileno. Dessa forma, a base da pavimentação pode ser preparada e coloca-se terra para plantio das encostas nas laterais. Em locais alagadiços, é necessário fazer drenos no pé do aterro de modo a evitar a ação do empuxo nos blocos. O EPS é também bastante eficaz quando usado no aterro de estradas em encostas de montanhas de solo instável ou sujeito à ação da água no período de chuvas.
Outra aplicação é em cabeceiras de pontes, nas quais o EPS é um substituto vantajoso aos aterros convencionais, pois não cria esforços horizontais no tabuleiro da ponte, facilitando o cálculo e reduzindo o dimensionamento da estrutura.Além disso, o material não cede com o tempo e mantém o nível do aterro de acesso inalterado. "O uso do EPS poderia ter evitado a queda daquela ponte na rodovia Régis Bittencourt, entre São Paulo e Paraná", acredita o arquiteto Osmar Mammini, referindo-se ao desabamento da cabeceira da ponte sobre a represa Capivari-Cachoeira, na BR- 116, em janeiro de 2005.Na ocasião, o acidente foi causado pela ação das fortes chuvas sobre o aterro, o qual acabou por ceder.
Por ser muito leve e fácil de moldar, o EPS cada vez ganha mais espaço em elementos decorativos externos, como molduras em fachadas. Para tanto, empresas da área produzem peças em poliestireno expandido e revestem-nas de argamassa. O resultado são molduras leves, resistentes, com baixa absorção de água, imune a fungos e bactérias e que requerem mãode- obra reduzida para sua aplicação.A facilidade de moldagem também tem feito com que o EPS seja usado em tubos-fôrmas para colunas, o que permite um acabamento final mais apurado. O material tem ainda um ótimo desempenho como forro sob telhados ou lajes estruturais.

Lajes 
Para o uso em lajes, o EPS é fornecido em blocos que podem ser cortados em formatos menores ou fornecidos no tamanho necessário. Em lajes nervuradas, se colocado em uma só direção ou em formato de grelha, permite o acabamento num único plano inferior, o que garante economia de cimbramento, mão-de-obra e tempo.

Como fôrma simples, o EPS é uma boa solução quando as condições da obra dificultam a retirada da fôrma convencional após a cura.


Em sintonia com a atual movimentação do mercado em que se buscam soluções menos agressivas ao meio ambiente, o EPS, além de ser um material reciclável, permite a redução de resíduos nas obras. Quando usado como miolo de paredes, por exemplo, sua taxa de perda não ultrapassa 3%, ao passo que a da cerâmica pode atingir até 10%. Na concretagem com o EPS não há quebra de blocos e suas juntas são tão justas que a nata de cimento não vaza. Isso garante uma superfície inferior mais limpa e plana, o que acarreta em menor consumo de argamassa.
Fotos: divulgação Termotécnica
Sobras de EPS podem ser moídas para utilização como agregado para produção de concreto leve
As eventuais sobras de EPS podem ainda ser moídas e reaproveitadas na fabricação de concreto leve. Usando o poliestireno como um agregado leve com cimento, areia e água, obtém-se concreto leve com densidade aparente de 300 a 1.600 kg/m3. Esse material representa grande redução de peso em elementos dos edifícios, é isolante térmico, não absorve água e possibilita um acabamento homogêneo de superfície. Sua utilização mais comum é na regularização de lajes, mas pode ser empregado em calçadas, quadras esportivas, bancos de jardim ou casas pré-fabricadas, entre outras aplicações em que não haja exigência de resistência a grandes esforços.
A impossibilidade de ser usado como estrutura é uma das poucas restrições ao EPS. As outras são o fato de ser sensível a solventes orgânicos e de não suportar calor acima de 80oC.
O que é?
O EPS (poliestireno expandido) é um plástico celular rígido, resultado da polimerização do estireno em água. O agente expansor para sua transformação é o pentano. O produto final é composto de pérolas de até Ø 3 mm, as quais, expandidas, consistem em até 98% de ar e apenas 2% de poliestireno. O material é inodoro, não-poluente, fisicamente estável, e excelente isolante térmico entre as temperaturas de -70°C a 80°C.
Vantagens:
Baixa condutividade térmica
Baixo peso
Resistência mecânica
Baixa absorção de água
Facilidade de manuseio
Versatilidade
Resistência ao envelhecimento
Absorção de choques
Resistência à compressão
Conservação de energia

Isolamento térmico 
Para uso como isolante térmico, a utilização mais conhecida, a recomendação é colocá-lo sempre na camada mais externa da construção, evitando o contato direto com água e os raios do sol. Entretanto, em locais com grande incidência da radiação solar, mesmo com o material protegido, a própria capacidade isolante do EPS pode gerar um superaquecimento do revestimento externo, levando a problemas como rachaduras ou descolamento de pastilhas. Para evitar tal patologia, recomenda- se que a argamassa de revestimento externo seja pintada com tintas resistentes à água para impedir a infiltração da chuva e de cor clara para reduzir a absorção de calor.

Segundo a pesquisadora do IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo),Maria Akutsu, o EPS é sempre indicado em coberturas, mas deve ser usado com cuidado em paredes. "Em casos de baixa inércia térmica, o material é bem aceito. Já em situações opostas, o poliestireno expandido não pode ser colocado nas camadas mais internas, uma vez que reduziria muito a inércia", relata.De uma maneira geral, o uso do EPS como isolante pode garantir uma economia de até 30% no consumo de energia em prédios comerciais ou residências com ar-condicionado.
Para o isolamento térmico de lajes, o EPS é uma das pedidas mais baratas e eficientes: a fixação é fácil e assegura o isolamento desejado mesmo com pequenas espessuras.Atualmente se utiliza o isolamento térmico sobre a impermeabilização, no qual as placas são fixadas geralmente com o material de fixação do impermeabilizante e, sobre estas, coloca-se um véu de poliéster e proteção mecânica de argamassa desempenada. Também é possível aplicar uma pintura impermeável ao vapor d'água sobre a regularização da laje e colar as placas de EPS.
Em telhados, o isolamento térmico varia de acordo com o modelo apresentado. Para fibrocimento, as placas de EPS são colocadas juntamente com as telhas, sobre as terças ou entre elas. Fios de arame esticados transversalmente às terças são os apoios. Em telhado de telhas cerâmicas, tégula ou ardósia, colocam-se as placas de EPS com juntas verticais sobre os caibros, utilizando-se ripas como mata-juntas. Em telhados já concluídos, por sua vez, deve-se procurar aplicar as placas sob as telhas.


Por praticamente não absorver água e oferecer um acabamento homogêneo de superfície, o concreto leve é bastante usado em elementos arquitetônicos e de paisagismo

O material encontra grande utilização como isolante em dutos de arcondicionado, câmaras frigoríficas, tubulações e reservatórios. No primeiro caso, usa-se o EPS classe F I (veja quadro) com espessuras que variam de 13 a 50 mm, de acordo com a posição dos dutos em relação ao edifício. Em tubulações e reservatórios, quanto mais frio o conteúdo, mais denso deve ser o EPS. Recomenda-se classe F II ou F III. Já em câmaras construídas com alvenaria ou pré-fabricadas em painéis revestidos de chapa galvanizada e pintada, o primeiro cuidado deve ser em relação à especificação do EPS dentro da NBR 11752
- Materiais celulares de poliestireno para isolamento térmico na construção civil e em câmaras frigoríficas. O isolamento deve ser feito em duas camadas com juntas desencontradas. As espessuras variam conforme a temperatura de uso e classificação do material.
Em ambientes de baixas temperaturas e em água quente,o EPS substitui com vantagens a lã de vidro e a lã de rocha, seus principais concorrentes.
Porém, quando se trata de gases o material mostra-se ineficaz. Em relação à espuma de poliuretano, o poliestireno expandido é um substituto bastante semelhante, mas com menor custo.

Sem barulho 
O EPS também tem se mostrado uma boa solução para evitar a transmissão do ruído provocado por impacto nos pisos de um andar para outro. Nesse caso, usa-se o piso flutuante, que consiste na aplicação de um revestimento sobre a laje regularizada com placas de EPS de 20 mm de espessura classificação P I. As placas são cobertas com um filme leve de polietileno e, em seguida, é colocado o contrapiso. O principal cuidado a ser tomado é certificar-se de que o EPS torna o piso e o contrapiso totalmente isolados.Porém, é preciso ressaltar que o material por si só não é isolante acústico. "Apesar de ser um ótimo isolante térmico, o EPS não tem boas propriedades acústicas: não tem massa, não tem o efeito massa-mola-massa de algumas espumas, que também são leves, mas com bons desempenhos nessa área", diz o pesquisador do IPT, Mitsuo Yoshimoto.


Barreira cultural
Segundo a Abrapex (Associação Brasileira do Poliestireno Expandido) , em 2005 foram produzidas 49.394 t do material, das quais 55% foram destinadas a embalagens e 36% à construção civil. Essa marca ainda é baixa se comparada ao mercado europeu, no qual o uso do EPS em imóveis e fundações de estradas ultrapassa 70% de sua produção. Apesar do bom desempenho, a maioria dos engenheiros ainda não abre espaço em seus projetos para o poliestireno expandido.

Para Mammini, a maior barreira a ser transposta para a popularização do EPS é cultural, uma vez que a maioria das pessoas associa o material a algo frágil e estranho à construção civil. Outros especialistas compartilham da mesma opinião. No Brasil, existe a cultura de colocar concreto em tudo. "Aprendemos com os europeus a fazer casas com tijolo de cerâmica e paramos por aí, até mesmo porque a matéria-prima e a mão-deobra que produzem esse elemento são muito baratas no País", diz o engenheiro civil Danilo Magalhães Gomes, coordenador técnico da empresa Termotécnica. "O EPS ainda não está incluso no mercado como um elemento construtivo.Mas isso está mudando. Seu uso em fundação de estradas deve representar uma revolução na sua aceitação", completa.
Em construções populares, em que as técnicas apresentam-se mais vinculadas à tradição, a introdução do EPS representaria grandes benefícios. O material no miolo de paredes garante uma diminuição significativa no peso da construção, reduzindo os custos das fundações, além de garantir impermeabilização das paredes e trazer uma economia de elementos construtivos. Usado em grande escala, o EPS leva à economia de tempo e dinheiro, fazendo com que o material agregue benefícios antecipadores à construção.
SERVIÇO 

Manual de Utilização - EPS na Construção Civil. 

Associação Brasileira do Poliestireno Expandido

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