sexta-feira, 25 de novembro de 2011

PINI lança segunda edição do livro "Orçamento na Construção Civil" - Piniweb

Reprodução

A Editora PINI acaba de lançar a segunda edição do livro "Orçamento na Construção Civil - Consultoria, Projeto e Execução", do engenheiro Maçahiko Tisaka, que traz critérios e metodologias utilizados para a elaboração de orçamentos. Ampliada e revisada, a nova edição "objetiva ampliar o suporte técnico para todos que atuam nas diversas áreas de consultoria e projetos de arquitetura e engenharia".
 
A publicação interessa a todos os profissionais do setor, não apenas aos que se dedicam a orçamentação. A tarefa de calcular a remuneração dos serviços de engenharia exige uma série de requisitos que não se restringem apenas às questões técnicas, envolvendo necessidade de conhecimentos que vão desde a legislação profissional, tributária e fiscal, conhecimento do mercado de materiais e de mão de obra.


A publicação foi dividida em quatro partes distintas. Na primeira, são mostrados os conceitos sobre a prestação de serviços de consultoria de arquitetura e engenharia civil. A segunda é dedicada à teoria e à prática da elaboração de orçamentos de obras e serviços, onde são apontadas as diversas formas de contratação, com ênfase na contratação por empreitada.
 
A terceira parte é toda dedicada à remuneração de serviços de engenharia consultiva, com detalhamento de como calcular a remuneração em vários tipos de serviços. A quarta e última parte contém o texto da Lei de Licitações (Lei 8666/93), da legislação profissional (Lei 5.194/66) e relação das principais entidades profissionais na área de engenharia.

"Brasil não tem cultura de realizar manutenção em obras", afirma engenheiro - Piniweb

José Roberto Bernasconi, presidente do Sinaenco-SP, defende criação de programas permanentes de manutenção de obras


Mauricio Lima
Foto tirada em 2006, da ta do último estudo do sindicato em São Paulo. Última reforma da ponte foi em 1997
Divulgação: Sinaenco
A queda de uma parte do passeio e da mureta de proteção da Ponte dos Remédios, na última quarta-feira (23), em São Paulo, mais uma vez trouxe à tona a discussão sobre a necessidade de um programa efetivo e contínuo de reparos e manutenção nas obras de arte não só da capital paulista, mas de todo o País. As medidas realizadas pelo poder público em geral não caminham com a urgência de manutenção que as construções demandam. A prefeitura de São Paulo, por exemplo, através da Secretaria de Infraestrutura Urbana e Obras (Siurb), afirma que já investiu cerca de R$ 120 milhões em serviços de reparos, manutenção e reforço estrutural de 27 obras de arte da cidade entre 2006 a 2011. A prefeitura tem um plano junto ao Ministério Público Estadual de São Paulo para manutenção das estruturas.

Ainda assim, o plano não parece ser suficiente. Segundo o presidente do Sindicato Nacional das Empresas de Arquitetura e Engenharia Consultiva do Estado de São Paulo (Sinaenco-SP), José Roberto Bernasconi, "a questão é que o Brasil como um todo não tem a cultura da realizar manutenção nas suas obras". "É necessário que se façam programas permanentes de manutenção, para evitar que problemas maiores aconteçam", disse. O Sindicato tem realizado nos últimos anos uma série de estudos em várias capitais do País sobre as condições das obras de infraestrutura e tem repassado aos governos locais as patologias encontradas, com sugestões de melhorias.

Confira entrevista com o engenheiro:
    
Divulgação: Sinaenco
Podemos afirmar que os principais problemas com as obras de infraestrutura ocorrem essencialmente por falta de manutenção?
Considerando o fato de que o projeto tenha sido bem feito e a construção tenha sido realizada com as melhores práticas, a obra nova estará em boas condições. Será uma obra sadia. A partir daí, ela entra em um processo natural de uso e de deterioração. Aí entram também a questão do mau uso, que acelera o desgaste por fazer uma solicitação não prevista no projeto, e as questões climáticas e atmosféricas. Com isso, você tem um processo de enfraquecimento da estrutura. O único modo de evitar problemas é através do acompanhamento e da manutenção preventiva, para que esses processos não se acelerem e se acentuem.

Pode ter sido o caso do incidente ocorrido na Ponte dos Remédios?
A manutenção com certeza poderia ter evitado a queda dessa parte da estrutura. O que acontece é que nós aqui no país não temos a cultura da manutenção. Nós valorizamos a obra nova. Sempre se considera bom o administrador público que é um bom realizador, que faz um monte de coisas, mas nunca o que realiza a manutenção.

A partir da série de estudos que o Sinaenco já realizou com relação às condições das obras em vários locais, como você avalia a situação das obras de infraestrutura de uma forma geral?
Muitas das obras analisadas apresentaram problemas de manutenção. Armaduras expostas, desplacamento, corrosão das armaduras etc. E isso foi detectado em obras visíveis, como pontes. Imagina o que pode ser encontrado nas centenas de galerias pluviais subterrâneas que existem.

Em quais cidades a situação é pior?
Não é possível medir esses problemas, mas São Paulo e Rio de Janeiro, por serem as duas maiores cidades do país, acabam tendo, em extensão, o maior número de problemas nas obras.

Quais tipos de obras de infraestrutura apresentam maiores riscos de segurança pela falta de manutenção?
Os principais problemas ocorrem, em grande parte, em pontes e viadutos, até pela complexidade dessas estruturas. Normalmente se encontra maiores problemas nas vias de trânsito. Toda semana sai uma reportagem falando da condição das estradas no país. Mas a estrada está no chão, não tem como cair. Já as pontes e viadutos podem desabar, podendo causar grandes problemas para as pessoas.

Por que é tão difícil realizar manutenção de obras? Os impedimentos são mais financeiros ou técnicos?
O problema é que o gasto de manutenção é muito alto e tem que ser feito ao longo dos anos. Mas, a importância dada a esses trabalhos no orçamento público é muito pequena, pois não há uma demanda por parte da sociedade para que mais dinheiro seja revertido para a manutenção das obras. Aí, quando se realiza o orçamento, o poder público dá mais atenção para outros fatores.

O problema é só do poder público ou privado também? E o setor da construção, poderia minimizar esses problemas de alguma forma?
O setor privado só pode atuar quando é contratado pelo próprio poder público. Não tem outro jeito. A carga tributária paga pelas construtoras já é muito grande para que ela aja sozinha para manutenção de obras de infraestrutura.

Existe um modo de mitigar os problemas estruturais decorrentes de falta de manutenção?
Não. A manutenção é essencial, mesmo que o projeto e a obra tenham sido feitos da melhor forma possível. É necessário que haja um plano pra manutenção. Não adianta esperar cair para depois contratar uma empresa em regime de emergência para arrumar o problema.