sexta-feira, 24 de junho de 2011

Indicação de Livros - Téchne




Aterro Sobre Solos Moles – Projeto e Desempenho*Márcio de Souza S. Almeida e Maria Esther Soares Marques254 páginasOficina de Textos
O livro começa com uma revisão crítica dos processos construtivos e dos métodos de investigação disponíveis para estes projetos. Depois, apresentam-se a metodologia de cálculo para a previsão de recalques; o uso de drenos verticais e de sobrecarga; estabilidade de aterros; métodos de monitoramento de aterros durante a construção e interpretação dos dados. No final, um resumo das principais conclusões do livro e um anexo com propriedades geotécnicas de alguns solos moles brasileiros.





Dicionário de Engenharia Geotécnica e Fundações*Luis Fernando de Seixas Neves
432 páginasEdição do Autor
Dividido em duas partes, inglês–português e português–inglês, o dicionário conta com mais de 5.500 verbetes em cada língua, além de dez tabelas de conversão de unidades e listas bilíngues de solos, rochas, minerais, elementos químicos e outros. As 22 ilustrações, como prova de carga estática e muro de arrimo em concreto, detalham termos usados na engenharia geotécnica e de fundações.








Cálculo e Detalhamento de Estruturas Usuais de Concreto Armado – 3a edição
Roberto Chust Carvalho e Jasson Rodrigues de Figueiredo FilhoEditora da UniversidadeFederal de São Carlos www.editora.ufscar.br
Esta nova edição considera o vigoramento da NBR 6118:2003, com referências atualizadas e três anexos que abordam lajes maciças com analogia de grelha, vãos para lajes com vigotas pré-moldadas e flexão de lajes nervuradas unidirecionais contínuas com vigotas pré-moldadas.








Sitewww.tst.jus.br/prevencao
No hot site do Programa Nacional de Prevenção de Acidentes do Trabalho é possível encontrar notícias, estatísticas de acidentes do trabalho e uma biblioteca virtual com links para portarias, decretos e sites relacionados ao tema. O Programa tem objetivo de reverter o crescimento do número de acidentes do trabalho no Brasil, e é feito em uma iniciativa do TST e do Conselho Superior da Justiça do Trabalho em parceria com o Ministério da Saúde, Ministério da Previdência Social, Ministério do Trabalho e Emprego e Advocacia-Geral da União.
* Vendas PINI Fone: 4001-6400 (nas principais cidades) ou 0800-5966400 (nas demais cidades)

Melhores Práticas: Radier - Téchne

Nivelamento e posicionamento são as chaves para um trabalho bem-executado

Locação topográfica
Se o posicionamento do radier não for feito corretamente, depois da execução é muito difícil remediar. Assim, uma equipe deve garantir o correto posicionamento com aparelhos como teodolito ou estação total.


Nivelamento do terreno


Deve ser respeitada uma tolerância máxima de variação no nivelamento de 1 cm ou 2 cm no momento da terraplenagem, para evitar consumo excessivo de concreto. É recomendável que um laboratório acompanhe esta etapa, fiscalizando o grau de compactação do solo.

Fotos: Marcelo Scandaroli

Nivelamento do gabarito


Além da necessidade de se respeitar a sequência de montagem do gabarito metálico, que já é a fôrma do radier, seu nivelamento garante a espessura mínima de concreto no pior ponto. Aqui, o controle também é feito por topógrafo.


Tubulação
As tubulações são enterradas com localização pré-definida no gabarito. Para demarcar a abertura das valas, a faixa pode ser feita com cal ou areia de outra cor


Espaçamento da ferragem
Se a armação for de tela ou de barras retas de aço, deve-se tomar cuidado para a ferragem não encostar no plástico. Isso se faz com espaçadores garantindo o cobrimento mínimo da armadura.


Lona plástica
A lona tem duas funções no radier: evitar que a água faça percolação ascendente, pois ela infiltraria no radier e criaria umidade; e evitar perda da água do concreto ou mesmo sua contaminação com a terra.


Acabamento superficial
Mestras metálicas garantem o nivelamento, e, quando a área de projeção é grande, pode-se posicionar placas metálicas junto aos gabaritos metálicos, como guia para o sarrafeamento. A máquina acabadora de superfície deve ser usada quando começa a pega do concreto, pois depois de endurecido não é possível dar o acabamento, e quando o concreto está mole não se consegue entrar com a máquina no radier.


Apoio técnico: engenheiro Marcelo Nogueira, gerente de qualidade, e Thiago Bittencourt, gerente de desenvolvimento de tecnologia da Rossi.


Projeto de Lei propõe simplificação de alvará para obras em São Paulo - Construção Mercado

Marcelo Scandaroli


Tramita na Câmara Municipal de São Paulo um Projeto de Lei para simplificar a obtenção de alvará de construção ou reforma de residências unifamiliares e imóveis comerciais situados em ruas classificadas como locais ou coletoras e que não se enquadrem como pólos geradores de tráfego.
PL 284/2011,de autoria do vereador Tião Farias (PSDB-SP), cria o "Alvará Simplificado", que prevê a emissão da licença de construção sem que haja necessidade de análise e aprovação do projeto pela prefeitura.
 
De acordo com o vereador, o objetivo é reduzir o montante de processos de construção que passam pela Prefeitura e agilizar as obras desses imóveis. Além disso, o projeto prevê que toda a documentação, incluindo projetos, seja protocolada de forma digital e fique disponível no site da Prefeitura para visualização.
 
Se a proposta for aceita, não haverá mais a necessidade de aprovação do projeto pela prefeitura, processo que atualmente demora meses para ser concluído. "O órgão público competente emitirá, logo após a confirmação de recebimento, comprovante que autoriza o início da obra para o dia seguinte, por meio de documento eletrônico", justifica Farias.

O PL determina que o interessado em construir contrate um profissional habilitado para a elaboração dos projetos, sendo que toda responsabilidade de adequar o projeto às normas da cidade passa a ser dos profissionais envolvidos e do proprietário, isentando a prefeitura de qualquer responsabilidade por incorreções nas obras. As construções devem ser iniciadas em até um ano após a expedição do alvará.
 

Lelé apresenta mais detalhes dos projetos para o Minha Casa, Minha Vida - AU

Divulgação: IBTH
Projeto do arquiteto para a favela de Cajazeiras

Arquiteto desenvolveu tipologias em estrutura metálica com argamassa armada montadas manualmente. Proposta também contempla edificações em encostas

Por Cláudia Estrela Porto, especial para a revista AU

A notícia correu: Lelé foi convidado pela presidente Dilma Roussef para rever e apresentar uma solução ao programa habitacional Minha Casa, Minha Vida. Conhecido pela Rede Sarah de Hospitais e Tribunais de Contas da União, um dos maiores especialistas brasileiro na pré-fabricação apresentou dois projetos, inicialmente detalhados para regiões de favelas de Salvador - a urbanização de Pernambués, com ocupação mista de apartamentos e casas geminadas, e o conjunto habitacional para Cajazeiras. Mas as soluções podem ser adaptadas a qualquer parte do País.

"O programa tem de levar em conta as diversas tipologias brasileiras, típicas de cada lugar, inclusive topográficas. No caso de Salvador, a topografia dificulta muito a implantação de um prédio convencional, conforme está sendo feito", explica. Desenvolvida e apresentada em janeiro, a proposta está ainda à espera da superação de entraves burocráticos para ser implementada.


Os prédios propostos são de estrutura mista metálica com argamassa armada. Todas as peças, inclusive as metálicas, são montadas manualmente. "A peça mais pesada, uma laje que vence 2,70 m de vão, pesa 86 kg, o que permite que duas pessoas a montem manualmente", explica Lelé.
A proposta para Pernambués, além das unidades habitacionais, inclui creche, escola, área de lazer. "Habitação não é só o lugar onde você mora, é um conjunto de coisas que fazem você sobreviver, inclusive o trabalho. Em Salvador, onde a economia informal tem um peso forte, é impossível pensar uma proposta como essa sem levar em consideração todos os parâmetros", avalia.

Divulgação: IBTH
Proposta do arquiteto para favela de Pernambués


Lelé pretende realizar o projeto pelo Instituto Brasileiro de Tecnologia do Habitat, sem fins lucrativos, que criou há dois anos em Salvador, cujo objetivo, além da pesquisa, é a realização de obras públicas com a pré-fabricação. Segundo Lelé, um programa de abrangência nacional como este requer industrialização e qualidade, o que só se consegue com tecnologia. E disso, ele entende.
Confira, a seguir, entrevista com o arquiteto e mais imagens dos projetos:
Como foi seu trabalho para o Minha Casa, Minha Vida?
Fiz uma análise do programa para o caso de Salvador, onde a topografia dificulta muito a implantação de um prédio convencional, conforme está sendo feito. A proposta não é tirar as pessoas do local, é refazer, com o apoio de uma fábrica.
De que forma a fábrica trabalharia? 
As casas têm de ser bem feitas, industrializadas. Montaríamos uma mini-usina em cada local, para atender uma demanda de 300 unidades e uma população de 2 a 2,5 mil pessoas. A mini-fábrica, que pode ser desmontável e transportada para outro local, tem capacidade para fazer 40 apartamentos em 45 dias.
Qual é o sistema construtivo? 
Um sistema misto de aço com argamassa armada. São construções com até quatro pavimentos, como as que eles constroem hoje, e até com uma pequena oficina no quarto nível, pois essa população vive muito do que produz em casa. A proposta contempla a forma de vida que eles adotam hoje, dando-lhes conforto. O bondinho sobre trilhos, por exemplo, leva os moradores morro acima, evita que eles subam 40 metros feito cabritos.
As pessoas da comunidade poderiam trabalhar para fazer as suas próprias moradias, ou é necessário mão de obra qualificada?
A gente qualifica a mão de obra num instante. A qualificação é pequena porque, a rigor, trata-se de um jogo de armar que se aprende com rapidez. Lógico que há os instrutores. O que estamos propondo é a racionalização da construção nos mínimos detalhes, nada é improvisado. Um tipo de construção que vai se multiplicando e que pode ser repassada para qualquer pessoa, e para as empresas.

Projeto Cajazeiras
Divulgação: IBTH

Divulgação: IBTH
Divulgação: IBTH

Projeto Pernambués


Divulgação: IBTH

Divulgação: IBTH

Divulgação: IBTH

Divulgação: IBTH
Divulgação: IBTH


Leia reportagem e entrevista completa sobre o projeto na edição 208 (julho de 2011) da revista AU

Riscos da superdemanda de obras - Théchne

Indústria da construção civil atravessa um ciclo de prosperidade nos negócios, mas também de temeridades do ponto de vista técnico


O Conselho Editorial da revista Téchne, publicada pela Editora PINI, tem acompanhado com interesse e entusiasmo o ciclo virtuoso pelo qual passa a cadeia produtiva da indústria da construção civil. Retomada de investimentos públicos, atração de recursos financeiros internacionais, sofisticação dos negócios e dos instrumentos de gestão, expansão geográfica das incorporadoras e construtoras, valorização dos profissionais e melhoria da remuneração são alguns dos aspectos positivos neste novo cenário, que ganhou força a partir de 2006.
Marcelo Scandaroli
Após décadas de desconfiança do mercado financeiro e do governo federal em relação à industria da construção civil formal, o setor voltou a cumprir um papel decisivo no processo de retomada do crescimento da economia. Isso tem ocorrido tanto no que se refere à infraestrutura quanto na área imobiliária, beneficiada por melhorias no ambiente jurídico e institucional, pela abertura de capital de grandes incorporadoras e construtoras, redução de carga tributária, maior disponibilidade de crédito e o lançamento de programas para habitação de interesse social, caso do Minha Casa, Minha Vida, em 2009.
Marcelo Scandaroli

Lacuna de gerações

O período de estagnação da indústria da construção civil formal - entre o início da década de 1980 e meados da década de 2000 - deixou marcas mais profundas do que se poderia imaginar. Uma das mais perceptíveis consiste na migração de algumas gerações de engenheiros civis para outros setores da economia, com destaque para o mercado financeiro. Tal fenômeno criou uma lacuna de profissionais atuantes que, após a retomada dos negócios, começou a ser fortemente notada. Onde estão, afinal, os engenheiros civis, com boa experiência profissional, que possuem entre 30 e 45 anos de idade? Poucos são vistos nos canteiros de obras.

Outras decorrências das décadas de hibernação econômica referem-se ao atraso no processo de mecanização e industrialização dos canteiros de obras, o pouco interesse pela profissionalização da mão de obra, o desaparecimento e/ou enfraquecimento dos grandes escritórios de projeto, o maior distanciamento dos arquitetos do processo de execução das obras, os poucos investimentos da indústria de materiais de construção em produtos e tecnologias.

Graves consequências
Ocorre que, após a forte retomada de negócios, o setor se viu despreparado para atender a uma demanda antes inimaginável, só comparada ao auge do chamado "milagre brasileiro" e suas grandes obras de infraestrutura e do apogeu do Banco Nacional da Habitação (BNH). Faltas pontuais de materiais, dificuldade para contratação de mão de obra e o despreparo para imprimir um novo modelo de gestão, capaz de suportar um número maior de canteiros com dimensões bastante superiores, têm sido algumas das dificuldades encontradas.
Uma realidade que se alterou de forma drástica em um espaço de tempo tão reduzido tende a produzir alguns resultados pouco aprazíveis, que já podem ser notados nos canteiros de todo o País: aparecimento precoce de patologias nas construções, crescimento do número de acidentes de trabalho, atraso no cronograma das obras e queda da qualidade do produto final, com repercussão imediata e intensa nos grandes veículos de comunicação e nas mídias sociais da internet.

Preocupado com essa situação, o Conselho Editorial da revista Téchne decidiu dividir com o meio técnico algumas das principais preocupações em relação à forma como os empreendimentos têm sido planejados, projetados e executados. O objetivo é levantar a discussão sobre alguns pontos que precisam ser equacionados sob pena de ocorrências graves nos próximos anos, o que poderia acarretar grandes prejuízos para toda a sociedade brasileira.
Não se trata aqui de promover a generalização, que não caberia para um universo de empresas como as que compõem a cadeia produtiva da construção civil. Não se trata também de eleger ou perseguir culpados. Propõe-se apenas encarar de frente questões de âmbito setorial, que dependem da atuação de diferentes elos da cadeia produtiva para serem equacionadas. Cada um dos pontos a seguir merece uma discussão técnica específica, de maior profundidade. Coube ao Conselho apenas levantá-los para a discussão.

Insuficiência de estudos geotécnicos
A pressa somada à ingenuidade ou à irresponsabilidade técnica tem pressionado construtores a iniciar a etapa de fundações de empreendimentos sem estudos adequados do solo e, em alguns casos, com laudos de empresas de qualificação duvidosa.
Podemos dizer que quase se trata de um "vício técnico". A amostragem por comparação é regra, não exceção. Os dados sobre terrenos e áreas vizinhas são usados para se executar um número de sondagens muito inferior ao que se deveria, mesmo tratando-se de algo previsto em norma técnica. 
Falhas em projetos
Os escritórios de projeto estão atolados. A capacidade de gerar trabalhos de qualidade está ameaçada tanto pelo volume quanto pelos prazos a que estão submetidos. O segmento não foi capaz de atrair corpo técnico nem de fazer a sucessão de gerações. Ou seja, não há projetistas suficientes, no momento, com experiência para lidar com projetos complexos. A isso tudo soma-se a busca desenfreada pela redução de custos, que leva à utilização "cega" de programas de computador, sem uma base conceitual técnica e criteriosa. São comuns relatos como:
- o cálculo não levou em consideração peculiaridades do planejamento das estruturas que podem submetê-las a carregamentos e esforços de trabalho não previstos em idade mais jovem;- edifícios mais delgados não foram devidamente analisados quanto aos esforços;  
- nas estruturas mistas, as interações de forças entre materiais diferentes não receberam os devidos cuidados, afetando vedações, revestimentos e outros sistemas da edificação.

Coordenação falha de projetos
 A velocidade e o volume dos empreendimentos tornaram mais crítico o planejamento das construtoras, demandando urgentemente, nessas empresas, a implantação de um modelo de sistema de gestão e coordenação dos projetos. Na escala atual, a falta de integração e as improvisações decorrentes de um planejamento inicial malconcebido provocam prejuízos durante a execução e potenciais patologias durante a vida útil da edificação.

Concreto não-conforme

É fato notório no meio técnico que muitos concretos fornecidos não atingem a resistência característica à compressão determinada nos projetos estruturais. A polêmica envolve construtores, fornecedores de concreto, projetistas e laboratórios. É preciso, entretanto, sairmos do estágio de apontar culpados e entrarmos em uma nova etapa, de providências técnicas de âmbito setorial.

Falta de checagem das estruturas
A velocidade e o volume das obras não constituem desculpas para o descaso com procedimentos básicos em um canteiro de obras. É uma questão de responsabilidade profissional, técnica e, inclusive, jurídica. Os novos profissionais que chegam agora ao mercado precisam ser devidamente orientados para evitar erros grosseiros de execução.

Marcelo Scandaroli


Despreparo dos engenheiros de obras
A lacuna de várias gerações de profissionais que migraram para outros setores da economia obrigou as empresas a apostar em uma leva de novos engenheiros. Há excelentes técnicos em formação, mas muitos deles têm assumido desafios incompatíveis com a sua experiência e, muitas vezes, até com a sua capacitação. Em meio à superdemanda de produção, o tempo para treinamento torna-se ainda mais escasso, e a formação dos engenheiros de obras segue comprometida, realizada algumas vezes de forma atabalhoada e sujeita a sérios riscos.
Visão da construção como commodity: predominância da incorporação sobre a construção
Após o ciclo de abertura de capital de várias incorporadoras na Bolsa de Valores, a partir de 2006, o segmento de real estate no Brasil passou a ser objeto de desejo de investidores locais e estrangeiros. A lógica do mercado financeiro, com a publicação e a análise trimestral de resultados, passou a ser predominante, principalmente nas grandes incorporadoras e construtoras. O respeito às particularidades técnicas de cada obra e às características inexatas e imprevisíveis da atividade de construir, sempre sujeita às diversas condicionantes, sociais, culturais e naturais (geológicas, climáticas, hidrográficas etc.), passou a ser menosprezado, em nome de uma lógica focada exclusivamente em resultados financeiros de curto prazo.
Falta de treinamento da mão de obra
Outra decorrência direta de décadas de estagnação, este problema exige, tanto do governo quanto da iniciativa privada, ações coordenadas em larga escala que, do ponto de vista prático, ainda não se de­sencadearam. A capacidade de atendimento das instituições tradicionais de capacitação dos operários não aumentou na mesma proporção exigida pela demanda de mercado. As tentativas de treinamento nos canteiros são louváveis, mas, infelizmente, ainda incipientes se comparadas ao volume de obras no País. Maior entre todos os gargalos, a falta de profissionais em número e qualidade afeta tanto o mercado quanto o nível das obras. 
Prazos inexequíveis
Seja por pressão de investidores financeiros interessados na maximização de retorno ou de governantes ávidos por dividendos políticos, as empresas têm se deparado com prazos de execução de obras que, mais do que desafiadores, demonstram-se tecnicamente inviáveis, comprometendo a racionalização dos custos e, em muitos casos, princípios básicos da boa técnica.
Nota-se hoje certo descuido no canteiro. Atividades que deveriam ser rigorosamente acompanhadas frequentemente caem na rotina das necessidades do empreiteiro, que executa o trabalho sem cuidados maiores nem com a qualidade nem com a segurança. 

Marcelo Scandaroli


Consultor denuncia o aumento do emprego de soluções geotécnicas prontas - Théchne

Para geotécnico, é cada vez mais comum a tomada de decisões sem diagnósticos precisos. Confira artigo

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É o fenômeno, estúpido!
Para explicar aos pasmos a surpreendente superioridade eleitoral de Clinton sobre o velho Bush nas eleições de 1992, o estrategista eleitoral dos democratas, James Carville, cunhou a frase que viria a ficar famosa: "É a economia, estúpido!". Na verdade, uma melhor tradução para a língua portuguesa falada no Brasil seria algo como "É a economia, sua múmia!"

Diante de seu obtuso espanto frente ao colapso de uma obra de engenharia geotécnica caberia perfeitamente parafrasear a expressão para explicar aos nossos pasmos as razões do desastre: "É o fenômeno, sua múmia!".
A foto que acompanha esse artigo é simbólica. Uma alentada tela argamassada, com fios de aço de 5 mm, totalmente destruída pela continuidade do processo de ruptura de um enorme talude de corte em importante rodovia brasileira. Situações como essa, onde transparece o total desencontro entre o real fenômeno geológico-geotécnico em curso e a solução aventada para estabilizá-lo, estão a multiplicar-se crescentemente por todo o país.
O fato é que estamos em plena era dos modismos tecnológicos em nossa engenharia geotécnica. Nesse contexto de empobrecimento do exercício inteligente e crítico da engenharia, a decisão por uma determinada solução técnica já não advém mais como decorrência de um preciso diagnóstico geológico e geotécnico do problema e dos fenômenos com que se está lidando. Já não é mais o problema que busca a solução, mas sim a solução prêt-à-porter ("pronta para usar") que comercialmente busca problemas, sejam esses quais forem, para oferecer-se como desejada panacéia tecnológica. Como o caricato "médico de bula", abunda entre nós o "geotécnico de catálogo".
Lembremos algumas dessas numerosas e onipresentes ofertas tecnológicas: gabiões, tela argamassada, geossintéticos, geomembranas, solo grampeado, solos reforçados, jet-grouting, CCP, enfilagens especiais, micro-estacas, estacas-raiz, geogrelhas, blocos intertravados, malhas metálicas ancoradas, etc., etc., etc.
Claro, sem dúvida alguma o aperfeiçoamento de nosso leque de soluções é necessário e bem-vindo, por disponibilizar continuamente novas e eficazes ferramentas para o trato de novos e velhos problemas geotécnicos, e as anteriormente mencionadas são todas boas ferramentas para suas específicas finalidades. A questão apontada não está na qualidade das soluções disponibilizadas, mas no risco em se abordar um problema geotécnico com a predisposição, ou com a pré-intenção, de utilizar-se essa ou aquela solução, daí a profusão de situações de total insucesso técnico da consolidação geotécnica pretendida. Casos de mesma natureza são as situações de insucesso financeiro, em que o problema, ainda que sofrivelmente resolvido, tenha resultado um preço exorbitante, muito maior daquele que seria naturalmente decorrente de uma solução fenomenologicamente correta.
A reversão dessa disfunção de abordagem técnica passa pela disposição da Geotecnia brasileira, geólogos de engenharia e engenheiros geotécnicos, em retomar na plenitude as rédeas de seu exercício profissional, recuperando em teoria e prática a velha e sábia verdade de ordem metodológica: a execução de serviços geotécnicos, de qualquer natureza, inicia-se pela exata compreensão qualitativa e quantitativa do fenômeno geológico-geotécnico que se está enfrentando. Somente essa compreensão, para a qual uma rica e colaborativa integração entre os conhecimentos geológicos e geotécnicos é essencial, permitirá a adoção de uma solução perfeitamente solidária e adequada ao fenômeno enfrentado. Adicionalmente, a segurança proveniente dessa compreensão libera o projetista para uma maior ousadia na escolha da solução de engenharia e para a adoção de Coeficientes de Segurança mais reais e modestos. Do que decorrerão, em relação direta, obras mais econômicas e eficazes.
*O geólógo Álvaro Rodrigues dos Santos (santosalvaro@uol.com.br) é autor dos livros "Geologia de Engenharia: Conceitos, Método e Prática", "A Grande Barreira da Serra do Mar", "Cubatão" e "Diálogos Geológicos", além de consultor em Geologia de Engenharia, Geotecnia e Meio Ambiente. Já foi diretor da Divisão de Geologia e diretor de Planejamento e Gestão do IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas de São Paulo).

Quarto edifício mais alto do mundo terá aberturas laterais para reduzir a pressão do vento sobre a estrutura - AU

Divulgação: Adrian Smith + Gordon Gill
Projeto do escritório Adrian Smith + Gordon Gill foi desenvolvido de modo que a aerodinâmica do edifício de 606 m permitisse a utilização de menos material para a estrutura
O escritório Adrian Smith + Gordon Gill venceu o concurso para o projeto do Wuhan Greenland Center, que deverá ser o quarto edifício mais alto do mundo, com 606 m de altura. As obras devem começar ainda em 2011 na China e a previsão é de que sejam concluídas em cinco anos.
Preocupados com a ação do vento contra a estrutura, os arquitetos projetaram aberturas em três alturas diferentes, que serão responsáveis por deixar o ar passar e diminuir a pressão do vento. A ideia é que a aerodinâmica do edifício diminua o montante de material estrutural.

De acordo com os arquitetos, o projeto foi desenvolvido a partir de três conceitos: o formato cônico, cantos arredondados e um topo abobadado, que será responsável por reduzir a resistência do vento e a criação de vórtices sobre o edifício. A torre será construída seguindo a ideia de um tripé, sendo que os cantos serão cobertos com vidro curvo, diferentemente das fachadas, que serão de um vidro com mais textura. O núcleo do edifício será construído com concreto, com o resto da estrutura em metal.
Divulgação: Adrian Smith + Gordon Gill

O prédio de 119 andares terá aproximadamente 300 mil m² de área construída, sendo 200 mil m² de escritórios, 50 mil m² de apartamentos, 45 mil m² de quartos de hotel e 5 mil m² de um clube privado, que ficará na cobertura do edifício.
O prédio contará também com sistemas de reuso de água cinza, controle de iluminação durante o dia e um sistema que gera energia a partir do vento capturado por aberturas no edifício.
Divulgação: Adrian Smith + Gordon Gill


Divulgação: Adrian Smith + Gordon Gill

Museu do Amanhã passa por ensaio em túnel de vento - Téchne


Principal objetivo do teste era detectar as ações do vento, especialmente nas estruturas móveis. Veja vídeo

O projeto do Museu do Amanhã, do arquiteto Santiago Calatrava, passou ontem por um ensaio em túnel de vento, no Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), em São Paulo. O edifício é um dos pilares do Projeto Porto Maravilha, realizado pela prefeitura do Rio de Janeiro pra a revitalização da zona portuária da cidade.

De acordo com o projetista estrutural Flávio D''Alambert, da Projeto Alpha, o teste é necessário por conta da concepção arrojada do projeto. "Além disso, o edifício tem aletas móveis, que se mexem de acordo com o sol para captar energia solar. Precisamos saber quais as interferências do vento nessas aletas", disse D''Alambert.

Segundo a Fundação Roberto Marinho, a obra deve ser concluída até o fim de 2012.

Projeto

Inspirado em elementos da Floresta Atlântica, o projeto prevê a construção de um edifício de 12,5 mil m² com coletores solares móveis na fachada. O investimento é estimado em R$ 130 milhões.

O Museu do Amanhã terá dois níveis conectados por rampas. No térreo, ficarão a loja, auditório, restaurante, salas de exposições temporárias e salas de pesquisa e ações educativas, além das áreas administrativas do museu. Já o pavimento superior contará com salas das exposições permanentes, um belvedere para contemplação da vista e um café.

O grande destaque do projeto, no entanto, é a parte externa. Na fachada, o prédio terá grandes estruturas dinâmicas, que se movimentam e servem não só para oferecer sombra, mas também para a colocação de placas fotovoltaicas. Dependendo da hora do dia, o edifício pode ter sua aparência exterior alterada, já que os coletores se ajustarão para melhorar a captação de energia solar.
 Calatrava também criou um espelho d''água ao redor do prédio, que servirá não só para mimetizar o museu com as águas da Baía de Guanabara, como também para mostrar como funciona um sistema de filtragem da água do mar. Além disso, a água vai gerar um microclima mais ameno em volta do Museu. O projeto aproveita ao máximo a ventilação natural e a ventilação cruzada.