quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Cidade do rock - Infraestrutura Urbana

Depois de dez anos de intervalo, o Rock in Rio, festival de música e entretenimento que já reuniu mais de cinco milhões de pessoas em suas nove edições (três no Brasil, em 1985, 1991 e 2001, quatro em Portugal e duas na Espanha) volta a acontecer no País. O evento será realizado nos dois últimos finais de semana deste mês no Parque Olímpico Cidade do Rock, construí­do pela Prefeitura do Rio de Janeiro na Barra da Tijuca, zona Oeste da cidade, às margens da Lagoa de Jacarepaguá.

Com um custo de infraestrutura de R$ 37 milhões, o parque abrigará as edições do Rock in Rio, outros shows musicais e servirá também como espaço de lazer para os atletas da Vila Olímpica, situada a cerca de 300 m do local. As obras de infraestrutura (terraplanagem, drenagem, pavimentação, instalação de sistema de água e esgoto e de iluminação), realizadas pela empresa CR Almeida, que ganhou edital de licitação na modalidade concorrência pública, foram iniciadas em 10 de dezembro de 2010. Para o Rock in Rio, no entanto, estão sendo feitas outras intervenções a cargo da organização do evento, obras que começaram no início de julho e que seguem até este mês. Antes da Olimpíada de 2016, ainda haverá outra licitação para a finalização da estrutura de lazer do parque.

As obras de infraestrutura

O projeto e o acompanhamento da obra estão a cargo da RioUrbe, órgão vinculado à Secretaria Municipal de Obras. A parte inicial da obra, de estudo e tratamento do solo, foi o principal desafio enfrentado, segundo o engenheiro da RioUrbe, Luiz Severino Nunes Machado. O estudo de recuperação do solo, que era recoberto com vegetação, foi realizado pela equipe do engenheiro com apoio de técnicos da Georio e da Rio Águas, outros órgãos da prefeitura. Houve uma re­­­­cuperação de so­­­­­­­­lo em uma área de 34 mil m² beirando o Canal Ca­­­­morim, que li­­­­­­­ga as lagoas de Ja­­­carepaguá e da Tijuca, para receber o peso da própria pavimentação. Para a execução da obra, foi feito um projeto ambiental que contou com a assessoria e aprovação da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e do Instituto Estadual do Ambiente (Inea). A canalização do rio Camorim foi feita com muros laterais de gabião e haverá ainda ações de recuperação do entorno da lagoa.
A área total do Parque Olímpico é de 138 mil m², toda ela pavimentada. A terraplenagem para dar sustentação ao solo foi feita em aterro compactado com material importado de jazida (saibro) e hidráulico por dragagem flutuante. As etapas da obra incluíram: limpeza e acerto do terreno, recuperação e troca de solo com retirada de argila mole e substituição por areia e aterro de saibreira. Esse processo foi acompanhado de ensaio tecnológico, para medir as resistências necessárias ao solo. Na sequência, aconteceu a pavimentação e, depois, a execução das margens do rio Camorim.
divulgação: Riourbe

fotos: Olivia Bandeira

fotos: Olivia Bandeira
Montagem do palco principal - o Palco Mundo - com mais de 500 estacas pré-moldadas
A pavimentação urbanística está sendo executada em diferentes áreas, com acabamentos em grama sintética (uma área de 37 mil m² ao redor do palco principal), plaqueamento de concreto intertravado (53 mil m² espalhados pelo desenho do parque, que tem formato de guitarra) e asfalto no entorno do terreno (25 mil m² de pista que também servirá como ciclovia). A opção pela grama sintética se deu por sua maior resistência à grande movimentação de pessoas durante os shows e eventos. Para evitar problemas com a chuva, a área possui um sistema de drenagem. A escolha pelo plaqueamento intertravado também seguiu esta orientação: os blocos são facilmente substituídos em caso de danos, que podem acontecer não só por causa dos grandes shows e eventos, mas por características do próprio solo recuperado.
Estes pavimentos circundam as lajes onde serão montados os palcos do Rock in Rio. Futuramente, em nova etapa da obra ainda não licitada, darão lugar às quadras poliesportivas e a um parque de patinação. Para estabilizar as áreas que receberão os palcos, foram feitos estacamentos pré-moldados, com mais de 500 estacas só na laje do palco principal do festival (Palco Mundo), com uma profundidade média de 8 m a 9 m e blocos de coroamento.
"O principal objetivo das quatro lajes [onde ficarão o Palco Mundo, o Palco Sunset, a área de brinquedos e a área VIP] são as quadras poliesportivas do futuro Parque Olímpico. Além disso, temos a laje para a tenda eletrônica, que será futuramente uma pista de patinação", explica o engenheiro da RioUrbe responsável pela obra, Luiz Severino. "A Vila Olímpica fica a cerca de 300 m desta área, e o objetivo é ter uma área de lazer acessível a esses atletas."

Veja imagem ampliada aqui

divulgação: Riourbe
No Palco Mundo, em cenário modulado, os painéis côncavos são alternados aos painéis convexos, sendo montados sobre estrutura metálica formada por peças horizontais e verticais encaixadas

Sobre o gramado, em torno do palco principal, serão construídos dez postes (sete já estão prontos) em formato de peixe que fazem parte da iluminação pública do Par­que. Outros 16 postes do mesmo desenho se­­­rão colocados na frente da obra. A fundação de cada poste foi feita com oito estacas e serão realizados testes de carga para verificar se os mesmos suportam a força dos ventos que circulam na região. Cada poste tem 17 m no desenvolvimento (contando a curvatura) e 15 m de altura depois de aplicado. 



Pesando de 8 t a 9 t, cada poste é feito de três peças de material metálico que são montadas em três estágios: primeiro coloca-se a base; as duas outras peças são soldadas e, juntas, erguidas por guindaste, encaixadas e soldadas na peça de base (como mostram as fotos ao lado). Este processo facilita e agiliza a montagem. O acabamento dos postes se dará por pintura branca. Quatro deles possuem também plataformas metálicas para instalação de caixas de som e iluminação.
Neste mês, serão feitos os arremates finais, como o muro que circunda o Parque, os postes de iluminação externos, o asfalto das pistas internas e mesmo o conserto de partes da pavimentação intertravada danificadas na própria movimentação da obra.
fotos: Olivia Bandeira
No alto, cada torre é ancorada com oito estacas e depois montada por meio de solda em três etapas.
Os equipamentos servirão para iluminação do parque e quatro deles serão equipados com plataformas
 para instalação de caixas de som. Acima, exatas 26 torres metálicas em formato de peixe, com 15 m
de altura e pesando 8 t cada, serão ancoradas na Cidade do Rock

As obras para o show do rock
Mesmo sem toda a infraestrutura pronta, a montagem dos equipamentos do Rock in Rio começaram no início de julho. Haverá o Palco Mundo (o maior deles, para as bandas consagradas mundialmente), o Palco Sunset (para jam sessions em que artistas brasileiros convidam outras bandas nacionais e internacionais), a tenda eletrônica (palco dos DJs), a área VIP (com tendas de 100 m de comprimento, 30 m de largura e cerca de 15 m de altura, uma varanda externa e um mezanino interno), a Rock Street (uma rua cenográfica, inspirada em Nova Orleans (EUA), onde bandas de street jazz se apresentam em meio a bares e restaurantes), a Village (com bares e lojas) e a área de brinquedos (com uma montanha russa, uma roda gigante de 28 m de altura, uma tirolesa de altura máxima de 23,5 m e um free fall, brinquedo conhecido no Brasil como Kabul).
Na fase final de montagem, a construção envolveu 500 ou 600 profissionais e 3 mil t de material, como peças metálicas de encaixe, que podem ser locadas no mercado e servem para todas as estruturas: Palco Mundo, Palco Sunset, Village, torres da tirolesa, piso do mezanino da área VIP. As peças verticais são chamadas de postes e as horizontais de travessas, sobre as quais são também colocadas vigas.
A estrutura básica dos equipamentos começou a ser montada no início de julho. Depois disso, teve início a fase de cenografia, cujos materiais foram utilizados também na edição anterior do Rock in Rio, em Portugal. Só o cenário do Palco Mundo, o maior palco da Cidade do Rock, pesa cerca de 80 t. São também peças metálicas de 2 m de largura por 4 m de altura que revestem a estrutura metálica do palco, que tem 86 m de frente e 25 m em sua parte mais alta (a fachada é assimétrica).
fotos: Olivia Bandeira
Obras no Parque Olímpico da Cidade do Rock envolveram a dragagem de um córrego e obras de pavimentação com plaqueamento de concreto intertravado
As peças metálicas são revestidas de lâmina de aço polida, que produz um efeito espelhado. O palco Sunset é executado da mesma forma: tem 32 m de comprimento e altura máxima de 13 m. A tenda eletrônica de forma circular, lembrando um gramofone, possui também uma estrutura metálica de encaixe, montada sobre a área de concreto construída pela RioUrbe. O diâmetro da pista é de 40 m.
"Optamos por estes materiais moduláveis por uma série de razões. Em primeiro lugar, porque eles são reaproveitáveis, evitando a geração de restos e de lixo. Em segundo lugar, eles são facilmente acomodados e transportados, reduzindo os custos. Além disso, eles permitem mais agilidade na construção e testes antes do trabalho efetivo", explica Walter Ramires, engenheiro responsável.
fotos: Olivia Bandeira
Grama sintética está sendo aplicada em área de 37 mil m² ao redor do palco principal
Moduláveis são também os cerca de 600 contêineres (células metálicas de 2,40 m de largura, 6 m de profundidade e 3 m de altura) que serão utilizados na construção da Cidade do Rock. Como explica Ramires, a vantagem dos contêineres é poder construir estruturas de dimensões e formatos diversos. Na Village, por exemplo, serão 28 lojas (12 delas para alimentação e bebidas), na Rock Street serão 20 lojas (dez delas para alimentação e bebidas), além de sete bares e dos camarins dos palcos Mundo e Sunset, da tenda eletrônica e da Rock Street. "Cada loja da Rock Street, por exemplo, será feita com três contêineres. Mas este material hoje tem sido utilizado até mesmo na construção de casas", explica o engenheiro.

Será construída ainda uma passarela de 70 m de comprimento e um canteiro central que vão atravessar as duas pistas da avenida Salvador Allende. A passarela, que também será desmontada depois do festival, levará os VIPs da área reservada a eles ao estacionamento do Riocentro, que estará disponível para o evento. Um esquema especial de transporte, incluindo os carros particulares e o transporte público, será montado para o evento, mas o projeto ainda não foi divulgado.
A única obra construída pelo festival e que ficará no Parque Olímpico ao final do Rock in Rio é a fonte de água, de 70 m de comprimento, construída ao redor do gramado. Executada com material tradicional, como tubulação, bombas, filtros e acabamento de concreto, a fonte seca será programável em suas sequências de jato de água (que podem atingir até 8 m de altura) e iluminação. Ornando a festa do rock, haverá iluminação cênica específica em cada palco e para cada artista e também iluminação de plateia. São 12 mil kVA de energia elétrica durante o evento, suficientes para iluminar, por exemplo, 600 casas populares, em média. "A fonte traz beleza e conforto para o parque, que é grande demais", afirma Ramires.


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